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Relações de compromisso

Sinergia entre a ISO 9001:2000 e o CMMI


Entre os referenciais de mercado, destacam-se dois pela aderência: a norma de Sistemas de Gestão da Qualidade ISO 9001:2000 e o modelo CMMI (Capability Maturity Model Integrated) A norma ISO 9001:2000 é um standard internacional largamente aceite em todo o mundo, onde a certificação é um "carimbo" de qualidade e é muitas vezes requisito mandatário para o negócio e estratégia das organizações. Por outro lado, o CMMI é um modelo que, tal como o seu antecessor CMM-SW, é largamente aceite no mercado da indústria de software/sistemas.

Enquanto a ISO 9001:2000 pode ser aplicada a qualquer organização, independentemente do tamanho e área de actividade, o CMMI encontra-se focalizado especialmente para organizações que desenvolvem software e/ou sistemas. Estes dois referenciais foram escritos de forma independente. Sendo diferente o seu âmbito e finalidade, têm, no entanto, muitos elementos em comum que poderão ser explorados.

Mas o que unifica estes dois referenciais? Quando analisamos os princípios associados ao seu desenvolvimento, verificamos que têm mais similaridades do que diferenças. A sinergia entre a ISO 9001:2000 e o CMMI permite-nos utilizar os pontos fortes de um para opor aos pontos fracos do outro, possibilitando a unificação de uma abordagem de melhoria contínua nos processos da organização.

Ambos são baseados em abordagem por processos, ciclo de vida completo, integração dos processos de gestão e de produção, planeamento sistematizado, explicitação dos requisitos necessários para implementar os processos. O quadro que se segue apresenta uma comparação de alto nível entre características da ISO 9001:2000 e do CMMI.

ISO 9001:2000

CMMI

StandardModelo
Alto nívelDetalhado
Conjunto de requisitos da normaPassos (níveis) progressivos
Não é guia de orientação para a implementaçãoInstitucionalização e guias de orientação na implementação

 
No que respeita à melhoria de processos, a ISO fornece um guia de muito alto nível através da ISO 9004:2000. A melhoria contínua encontra-se endereçada durante toda a norma ISO 9001:2000, mas algumas organizações poderão não estar familiarizadas com abordagens de melhoria. Embora seja requerido o comprometimento da gestão na melhoria contínua, não é muito claro como as organizações irão indicar que estão a melhorar os seus processos de forma contínua.

Em contraste, os níveis de capacidade e de maturidade do CMMI ajudam as organizações a estabelecerem um "roteiro" para atingirem os seus objectivos de melhoria de processos. Quando é explorada a sinergia ISO-CMMI e combinada com a abordagem de melhoria de processos IDEAL, emerge uma verdadeira abordagem de melhoria de processos unificada. As vantagens desta abordagem sistematizada são várias:

  • Ambos os referenciais podem ser simultaneamente satisfeitos;
  • As sobreposições entre os referenciais são endereçados sinergicamente;
  • As forças de cada referencial são maximizadas;
  • As fraquezas de cada referencial são minimizados.

As normas de sistemas de Gestão da Qualidade da família ISO 9000, das quais a ISO 9001:2000 é um elemento constituinte, estão baseadas em oito princípios de Gestão da Qualidade. De forma a explorar as similaridades entre estes princípios e o CMMI, apresenta-se a seguinte análise comparativa.

Aspecto a ter em consideração: uma vez que as práticas genéricas do CMMI fornecem uma fundação para a institucionalização dos processos na organização, é expectável uma correspondência destas práticas com os oito princípios de Gestão da Qualidade que se enumeram de seguida:

1. Foco no cliente

A focalização no cliente encontra-se endereçada através da prática genérica "GP 2.7 - Identificar e envolver os stakeholders relevantes", e a prática específica "SP 2.6 - Planear o envolvimento dos stakeholders", associada à área de processo de "Planeamento de Projecto". Este princípio também se encontra endereçado às áreas de processos associadas à "Gestão de Requisitos", "Desenvolvimento de Requisitos" e "Solução Técnica".

2. Liderança

A liderança é abrangida pelas práticas genéricas "GP 2.4 - Atribuir Responsabilidade", e "GP 2.10 - Rever o Estado com o Nível Superior de Gestão", e suportada pela área de processo "Enfoque no Processo Organizacional".

3. Envolvimento das pessoas

O envolvimento das pessoas é endereçado através das práticas genéricas "GP 2.3 - Providenciar recursos", "GP 2.5 - Formar os Recursos", e "GP 2.7 - Identificar e Envolver os Stakeholders Relevantes".

4. Abordagem por processos

A abordagem por processos é amplamente suportado pelas práticas genéricas "GP 2.2 - Planear o Processo", e "GP 3.1 - Estabelecer um Processo Definido". Este princípio é também suportado explicitamente pelas áreas de processo "Definição do processo Organizacional", e "Gestão Integrada de Projecto para IPPD (Integrated Product and Process Development)".

5. Abordagem da gestão como um sistema

A abordagem da gestão como um sistema é endereçado explicitamente com a prática genérica "GP 3.1 - Estabelecer um Processo Definido", e por todas as áreas de processo do CMMI.

6. Melhoria contínua

A melhoria contínua é um dos objectivos mais relevantes do CMMI. Indicado simplesmente, todo o CMMI, com os seus níveis de capacidade ou de maturidade, providencia a fundação para a melhoria contínua.

7. Tomada de decisão baseada em factos

O CMMI suporta este princípio através da prática genérica "GP 2.8 - Monitorar e Controlar o Processo", e de várias áreas de processo, especialmente as áreas de "Monitorização e Controlo do Projecto", "Medição e Análise", "Gestão Integrada de Projecto para IPPD (Integrated Product and Process Development)", "Análise de Decisões e Resolução".

8. Benefícios mútuos na relação com fornecedores

Este princípio é endereçado especialmente com a área de processo "Gestão do Acordo com Fornecedores".

Isabel Ferreira, coordenadora de equipa na unidade de suporte ao negócio de Gestão da Qualidade da Sinfic.


Produzido em 2005

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